quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mais de cem mil cristãos podem ter deixado Egito desde o início da Primavera Árabe em 2011




De acordo com as agências internacionais, cerca de 20 igrejas cristãs foram atacadas na quarta-feira (14), durante os confrontos entre partidários da Irmandade Muçulmana — apoiadores do presidente deposto Mohamed Mursi — e as forças policiais do governo interino no Egito. A situação das minorias religiosas egípcias, como os cristãos, está se deteriorando ao longo dos levantes da Primavera Árabe no país — em curso desde 2011—, alertaram no começo de agosto organizações humanitárias. 

O acadêmico Markus Tozman afirmou em texto recentemente publicado que pelo menos 100 mil seguidores do cristianismo já deixaram o país em razão da violência.

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Tozman é um dos autores de um amplo estudo sobre a situação das minorias cristãs no oriente médio lançado no segundo semestre de 2012 e tem acompanhado de perto a situação do grupo religioso na região. Ele publicou um alerta no começo de agosto denunciando a perseguição sofrida pelos cristãos no Egito, Iraque, Turquia, Síria e Líbano. No texto, ele estima que 100 mil seguidores do cristianismo abandonaram o território egípcio desde o início dos protestos em 2011.

Além disso, a Comissão norte-americana de liberdade religiosa, em seu relatório anual, denunciou que pelo cem  cristãos morreram em atos de perseguição religiosa em 2011, a mesma quantidade de assassinatos que o total dos últimos dez anos somados. Neste sentido, Tozman alertou que é urgente um esforço internacional não só para impedir tais atrocidades, mas também para viabilizar um levantamento preciso sobre a situação da minoria religiosa no Egito. Conforme indicou, somente desta forma será possível identificar a emergência na região.

A organização internacional de defesa dos direitos cristãos, Open Doors (Portas Abertas, em tradução livre), por meio do seu relatório anual sobre a violência contra os seguidores da fé, indicou que o Egito é um dos locais que tais grupos sofrem perseguição e estão expostos a riscos sérios de ataques.

A organização reforça o temor de fuga em massa de cristãos egípcios para outros países do mundo. De acordo com o relatório, desde que a Irmandade Muçulmana assumiu o poder no país aumentou significativamente o número de atos violentos contra os cristãos. Isto acontece, conforme analisado pelo grupo, pois o novo governo de Mursi foi incapaz de impor uma lei que garantisse a segurança e a ordem para as minorias no Egito.

Diante da crescente polarização do país entre militares e a Irmandade Muçulmana, as minorias religiosas tendem a se tornar alvos fáceis da fúria dos ativistas mais exaltados.

O maior temor dos cristãos com atual radicalização dos conflitos é que o grupo se torne não só foco de ataques, mas, principalmente, que as iniciativas políticas pautadas pelo islamismo possam levar o país a aderir à lei do alcorão, conhecida como sharia. Neste cenário, seus direitos e sua segurança estariam ainda mais ameaçados. 

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